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terça-feira, 15 de junho de 2010

Pescador que viu carro afundar em represa diz ter medo de ser morto

Quarta-feira, 16 de junho de 2010

 

Testemunha do caso Mércia Nakashima falou com exclusividade ao G1.
Ele disse que teme que o assassino queira se vingar dele.


carro mércia 
Carro de Mércia Nakashima é retirado de represa
(Foto: Carolina Iskandarian/G1)
A principal testemunha do assassinato de Mércia Nakashima, o pescador que revelou à Polícia Civil ter visto o carro da advogada afundar na represa em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo, no mesmo dia em que a mulher desapareceu em Guarulhos, na Grande São Paulo, afirmou nesta terça-feira (15) ao G1 que está com medo de ser morto pelo criminoso numa possível queima de arquivo.
O suspeito número 1 do crime é o ex-namorado da vítima, o advogado e policial militar aposentado Mizael Bispo. Segundo a investigação, o assassino teve a ajuda de outra pessoa. Bispo se diz inocente.
Localizado pela reportagem, o homem de 50 anos, que está no programa de proteção a testemunhas da polícia (seu nome não consta do depoimento dado), contou detalhes do dia em que saiu para pescar sozinho, mas acabou presenciando um homicídio.
Confirmou ter visto um homem alto sair da posição do motorista do Honda Fit prata de Mércia e achou que se tratava de um outro pescador. A cem metros do carro, disse que conseguiu ver pouco apesar de a lua iluminar o lugar onde estava. Falou ainda do momento exato em que ouviu gritos de mulher e assistiu incrédulo ao veículo afundar com as luzes acesas.
“Meu único desejo é que não me identifiquem. Estou com medo. Eu estou com medo do bandido que fez isso com a moça me achar ou mandar fazerem algo de mal comigo, de atirarem em mim, de me matarem”, afirmou o pescador, que só aceitou falar pessoalmente e sob a condição de que seu nome não fosse publicado.
Leia os principais trechos da entrevista.
Pescador 
Pescador teme ser identificado e ser vítima de
'queima de arquivo' (Foto: Kleber Tomaz/G1)
G1 - O sr. está com medo?
Testemunha - Quem fez esse crime tem dinheiro. Você se identificou ao entrar aqui, mas e se eu estou de costas trabalhando e chega alguém aí e diz: 'É você mesmo'. E atira em mim ou me mata? Basta pagar uma mixaria para qualquer um fazer isso. Tonto ele [criminoso] não é. Deve ter algum dinheiro para ter feito uma maldade dessa.

G1 - Acha que o criminoso pode tentar procurar o sr.?
Testemunha - Você é estudado, eu sei. Mas eu também estudei um pouquinho. Mesmo que o réu saia do júri, ele pode pôr alguém para ver quem entrou e falar para o acusado é o ‘fulano de tal’ [até o final da noite de terça, a testemunha afirmou não ter sofrido qualquer tipo de ameaça].
G1 - O sr. parece estar mesmo preocupado com o fato de ser a principal testemunha.
Testemunha - Quando a gente ajuda acaba se prejudicando. Minha mulher está internada de nervoso depois que soube que eu tinha visto o carro da mulher que morreu na represa.
G1 - A polícia tomou algumas medidas de segurança em relação ao sr.?
Testemunha - É proibido divulgar meu nome. Eu falei com eles [policiais] se eu tivesse essa garantia deles. Fui lá, assinei um bando de coisas, mas o doutor [delegado Antônio] Olim [do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa] me deixou à vontade para falar tudo o que vi. Ninguém me forçou a fazer nada. O que eu contei no depoimento é verdade. É o que eu vi. Estou com receio, mas vou continuar a minha vida, trabalhando.
G1 - O sr. pode contar o que viu naquele domingo?
Testemunha - Foi no meio do dia, já depois do almoço, o horário em que eu cheguei [na represa]. Parei meu carro, armei o banquinho, sentei, preparei as varas. Parei lá. Aí escureceu, né? Geralmente vou pescar com minha esposa, e às vezes com meu filho, mas nesse dia fui sozinho e tinha sido a primeira vez em que eu fui pescar naquele trecho. É bom pescar à noite porque tem menos barulho e dá para pegar mais peixes. De dia há muitos banhistas. Quando foi umas 19h30 desceu um carro de farol aceso. Aí parou na ladeira, desligou o farol e deixou a lanterna acesa.
G1 - Em depoimento, o sr. disse ter visto um homem.
Testemunha - O homem saiu do lado do motorista, deu a volta por trás do carro. Na hora em que ele saiu, eu ouvi gritos. Antes de jogar a vara, aí quando olhei, ouvi dois gritos. Aí, ouvi o barulho da água. Vi só a lanterna acesa debaixo da água
G1 - O sr. o viu empurrar o veículo?
Testemunha - Eu não vi o cara empurrando. Aí eu não vi. Ouvi o barulho do carro entrando e vi a lanterninha afundando. Estava acesa e foi afundando, está entendendo?
G1 - Viu o rosto do homem?
Testemunha - Não posso falar que eu vi a cara do homem porque eu não vi. Não sei quem é. Só sei que o cara era homem e era mais alto que o teto do carro.
G1 - Depois disso, o que aconteceu? O sr. pensou em denunciar o que viu?
Testemunha - Não liguei para ninguém. Quem ligou para a família [de Mércia] foi o cabeleireiro. Eu vi a matéria do caso na TV quando estava cortando o cabelo, acho que foi no sábado [dia 29 de maio]. Ele comentou que era um absurdo o sumiço da advogada, a TV mostrou o carro dela. Aí eu falei para ele que tinha visto algo estranho no domingo do dia 23. Falei que fui para a represa e à noite em tal hora chegou um carro parecido lá e caiu na água e não vi mais o carro.
G1 - Mas o sr. ajudou a família de Mércia a mostrar onde tinha visto o carro entrar na represa, não?
Testemunha - Foi assim: O cabeleireiro ligou para o 181 [Disque Denúncia]. Acho que foi do orelhão, mas não deu em nada e não deram importância [o Disque Denúncia, no entanto, diz não ter recebido tal ligação]. Aí, ele foi na casa do homem [pai de Mércia]. Depois, veio aqui com o pai da mulher que estava sumida e mais três pessoas da família. Aí fui com eles para a represa e mostrei mais ou menos onde era. Mais ou menos porque eu não tinha certeza.
G1 - O sr. consegue fazer um reconhecimento, identificar o homem que viu sair do carro da advogada?
Testemunha - Não. Eu não prestei atenção no carro e no homem porque achei que estava descendo um pescador, né?
G1 - O sr. pretende voltar a pescar naquela represa?
Testemunha - Vou continuar pescando, mas em outro lugar, em algum pesqueiro, em um lago. Minha única certeza é que não volto mais a pescar lá. Nunca mais quero voltar para aquela represa
Do G1
 

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