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segunda-feira, 15 de março de 2010

Lula vai ao Oriente Médio

Diário de Riachão-PB, Segunda-feira, 15 de março de 2010

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Lula vai ao Oriente Médio e tenta mediar guerra sem fim


Wilson Pedrosa/13.mar.2010/AEFoto por Wilson Pedrosa/13.mar.2010/AE
Camiseta de Lula usando o tradicional lenço palestino é vendida em mercado de Jerusalém; brasileiro faz visita oficial a Israel e aos territórios palestinos nesta semana
O presidente Lula começou, neste domingo (14), a primeira visita de Estado de um presidente brasileiro a Israel. Depois segue para os territórios palestinos e para a Jordânia. Antes, apenas o imperador Dom Pedro 2º havia passado por Jerusalém como governante do país. Chegou ali em 1876, quando não existiam o atual Estado judaico e a ocupação israelense de terras árabes, motivo de uma guerra que parece sem fim. Saudado pelo jornal israelense Haaretz como "o profeta do diálogo", e agora amigo do Irã de Mahmoud Ahamadinejad  – que fala em varrer Israel do mapa –  o presidente brasileiro tenta se colocar como possível mediador do conflito. Resta saber se vão querê-lo nesse posto.

Para o americano Thomas Lippman, especialista em Oriente Médio do Council of Foreign Relations, Lula "está perdendo seu tempo", se sua intenção é mediar a crise.
- Teremos menos ou mais violência no futuro, mas tudo vai continuar igual.

Menos pessimista, o professor de relações internacionais da PUC/SP e pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Pedro Silva Barros, acha que, embora o Brasil não seja decisivo nas negociações de paz entre israelenses e palestinos, é visível que o país ganhou terreno na diplomacia mundial e também na do Oriente Médio.

- Isso acontece menos pela vontade de Israel em si, mas pelos fatos que se impõem, já que o Brasil saiu fortalecido da crise, é uma potência emergente.



A ambição brasileira de mediar a conflito veio à tona em janeiro de 2009, durante a ofensiva israelense na faixa de Gaza. Na época, o chanceler Celso Amorim foi a Tel Aviv, sob pesadas críticas de setores da diplomacia, para quem o Brasil tentava dar um passo maior que suas pernas.

Segundo Barros, há uma grande mudança entre aquele primeiro passo e esta viagem de Lula. Desde então o Brasil recebeu a visita do presidente de Israel, Shimon Peres, do seu chanceler, o ortodoxo Avigdor Lieberman, do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, e do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad - embora o iraniano não esteja relacionado diretamente com o histórico conflito na Terra Santa, o regime de Teerã é considerado uma ameaça por Tel Aviv por causa de seu programa nuclear.

Lula deve defender Estado palestino

Durante o giro por Israel, territórios palestinos e Jordânia (um dos únicos países árabes a reconhecer o Estado judaico), Lula deve reafirmar a posição histórica brasileira a favor da criação de um Estado palestino. O brasileiro também deve criticar a insistência israelense de seguir com a construção ilegal de assentamentos em territórios que, segundo resoluções da ONU, pertencem ao povo palestino. Nesta semana, o gabinete conservador do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu anunciou que vai continuar desafiando a ONU e seguirá com os assentamentos.

O anúncio israelense frustrou as expectativas em torno da retomada das negociações de paz. Na última semana, as duas partes anunciaram que voltariam a conversar, já que não se falavam desde a invasão de Gaza, em 2009. Não se sabe se o Brasil poderia ter algum espaço como mediador. Em novembro do ano passado, o presidente da Autoridade Palestina convidou Lula a exercer esse papel:

- Damos-lhe as boas-vindas para que tenha esse papel [de mediador]. O senhor tem respeito e admiração internacional. Precisamos de seu apoio, e o mundo poderá tirar proveito disso.

Em visita ao Brasil, o chanceler israelense indicou que o Brasil, que tem "fortes relações" com países árabes, pode ter um importante papel para uma aproximação e um possível "diálogo direto entre Israel e os palestinos". Mas evita usar a palavra "mediador" para definir a atuação de Lula nesse conflito. Vale lembrar que desde a criação de Israel, em 1948, ninguém teve grande sucesso nesse papel.

Lula "perde seu tempo" e é o "profeta do diálogo"

O professor Lippman é cético em relação às chances de sucesso da empreitada de Lula pela paz na Terra Santa.

- Eu tenho acompanhado este conflito há anos e estou cansado disso. Não tem sentido... Com todo o respeito, seu presidente [Lula] está perdendo seu tempo. Você viu o que aconteceu com Joe Biden?

O vice-presidente Joe Biden foi a Israel tão logo foi anunciada a volta das negociações. Como boas-vindas, o representante do presidente Barack Obama foi constrangido com a decisão israelense de erguer 1.600 casas em uma área de Jerusalém Oriental reivindicada pelos palestinos. Israel depois pediu desculpas pela hora em que foi feito o anúncio, mas não pelas obras em si.

Com Lula seria diferente? Segundo o jornal Haaretz, "é simplesmente impossível não gostar" do presidente. O jornal chama o brasileiro de "o profeta do diálogo", lembra da convivência harmoniosa de judeus e árabes em São Paulo e cita uma frase de Lula que mostra a vontade brasileira de mediar o conflito:

- Os americanos, franceses, os britânicos, os russos e os chineses querem o avanço do processo de paz no Oriente Médio. Mas eu sinto que as partes do conflito e as pessoas envolvidas no processo estão cansadas com tudo isso. Então, o tempo deve trazer à mesa  negociadores que serão capazes de apresentar novas ideias. Além de Israel, onde se encontra com o presidente Shimon Peres, Lula vai ao território palestino da Cisjordânia e à Jordânia. Tem encontros marcados com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, e com o rei jordaniano, Abdullah 2º, ao longo da semana.
Do R7

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